meu nome é mari maciota!


jogos que joguei em 2023

kirby e amigos

Esse ano eu terminei mais videogames do que qualquer outro ano da minha vida. Acho que eu comecei a me dedicar bem mais aos meus hobbies, mas sei que isso também foi por conta da influência da minha namorada. Nós jogamos bastante juntas, e ter essa companhia meio que me deu uma incentivada a buscar algumas coisas diferentes. Descobri alguns dos meus jogos favoritos esse ano, o que me deixa bem feliz. Sou uma pessoa simples.


life is strange

Life is Strange (2015)

Eu me lembro de detestar esse jogo anos atrás. Talvez eu só fosse uma adolescente meio cínica e sem saco pra aguentar o que um monte de francês de meia-idade tinha pra falar sobre drama adolescente norte-americano, ou talvez eu fosse só chata mesmo. Mas rejogar ele me fez ter uma perspectiva bem diferente desse jogo, o que eu realmente não esperava.

Eu gosto que isso é uma perfeita cápsula da cultura hipster lá pros meados da década passada. A música, a moda, as vibes. É meio cringe mas em retrospecto tem o seu charme e isso torna a experiência desse jogo até meio que única. Não existem muitos jogos com uma estética parecida.

Alguns dos temas explorados também são interessantes. Um jogo publicado pela Square Enix em 2015 tocar em temas mais sensíveis de maneira tão direta era impensável. Não que toque nesses temas bem, mas o esforço está lá e é algo genuíno e com verdadeira simpatia.

Mas é aquela coisa. Esse jogo é derivativo. Extremamente derivativo. Catcher In The Rye, Butterfly Effect, The Girl With The Dragon Tattoo, Twin Peaks são só algumas das influências mais óbvias. Isso não seria um problema se o jogo não tivesse tanta dificuldade de criar uma identidade mais única dentro de sua própria narrativa. As vezes a história passa a sensação de ser uma colcha de retalhos, e tinha o potencial de ser mais mais do que isso.

O jogo poderia ser mais gay também. Essa é a minha principal crítica. O jogo deveria ter sido menos covarde e bem mais gay. O final é uma bosta mas não acho que tenha azedado tanta a minha experiência com o jogo.

No final das contas achei que seria um jogo pra hatear de graça enquanto jogava do lado da minha namorada e não foi o caso. Foi bom. Poderia ser melhor mas foi bom.


kirby's adventure

Kirby's Adventure (1993)

Eu realmente queria conseguir falar mais desse jogo.

Kirby's Adventure é bem impressionante pra um jogo de Nintendinho. O gameplay é fluído e tem uma fisicalidade que muitos platformers modernos não conseguem replicar. Mas nem é isso que importa. As cores são lindas, as músicas são divertidas e marcantes, e o Kirby e companhia são impecavelmente bem animados. É um jogo doce, lindo e acho que não há nada que eu não ame nele.

Se tornou um dos meus favoritos, e criei muito carinho por ele. Não tem muito o que falar que não seria apenas babação de ovo, mas quis deixar esse relatozinho aqui pela simples recomendação.


seaman

Seaman (1999)

Não sei se amei ou odiei, mas é sem dúvidas uma experiência única e acho que vale a pena jogar um pouquinho, nem que seja apenas pra saciar a curiosidade.

Acabei abandonando pois eu tentei jogar Seaman de uma maneira "honesta", e meio que acabei me cansando da rotina de ter quecuidar de um Tamagotchi com a cara e a voz de um homem de meia-idade e com uma personalidade extremamente passivo-agressiva.

Mas alguns dos diálogos que você pode vir a ter com ele são genuinamente interessantes e tocam em alguns temas que eu não esperava. O fato de que ele realmente memoriza suas respostas e monta um pequeno perfil seu faz toda a diferença. Ele gravou que eu era gay e trabalhava com computadores e essas características vieram a tona em diversas conversas, por exemplo.

Mas é meio que apenas isso, no final das contas. O artifício é quebrado em diversos momentos pelas engasgadas técnicas do jogo, e o reconhecimento de voz as vezes é meio que terrível. Isso sem contar que o seaman entra em uns papos de autoajuda medíocres durante a avaliação psicológica mais pertinho da reta final que foi meio que a última gota da água pra me fazer abandonar o jogo de vez.

Mas ainda assim, meio que vale a pena. Me repetindo um pouco, é uma coisinha bem única e que só existe nesse jogo aqui (e possivelmente em sua sequência para Playstation 2 exclusiva pro mercado japonês e talvez em L.O.L - Lack of Love e N.U.D.E.@ Natural Ultimate Digital Experiment). Só não dedique tanto tempo pro seu Seaman quanto eu dediquei. Ele não merece seu amor. Ele te trata mal e possivelmente fala mal de você pros amigos dele.


kingdom hearts

Kingdom Hearts (2002)

Esse jogo é maravilhoso. Talvez a reputação dele e o simples conceito possa afastar muita gente, mas Kingdom Hearts é feito com tanto carinho e cuidado que eu não consigo não amar ele.

É doce, é divertido, é tudo de bom. Ele tem mais respeito pelas propriedades intelectuais da Disney do q a própria Disney teve em toda a sua existência. Os personagens são surpreendentemente engajantes e a trama, por mais que boba e as vezes complexa demais pro seu próprio bem, te pega. Eu chorei no final, o que eu não esperava que fosse acontecer.

O gameplay é simples e meio repetitivo, mas pelo menos as boss battles são memoráveis e conseguem fazer você usar tudo o que está a sua disposição. Só preferiria que a AI do Pateta e do Donald conseguissem reagir melhor aos chefes, pois em algumas das lutas eles são incapazes de se defenderem ou desviarem de qualquer ataque.

Mas essa é meio que a minha única crítica real ao jogo. Eu amei ele de paixão, e acho que pelo menos esse primeiro jogo merece uma chance caso você ainda não tenha dado. Muito bom, muito lindinho.


dog of bay

Dog of Bay (2000)

Esse é meio que um dos piores jogos de ritmo que eu já joguei. O sistema dele não faz sentido nenhum e as indicações na tela ficam invisiveis no meio de toda a poluição visual de algumas das apresentações, e esse não é o tipo de jogo de ritmo que você consegue jogar no ouvido. Mas eu meio que amo todo o resto ao redor dele.

As músicas são ótimas, as coreografias são divertidas e feitas com um mocap bem impressionante pra época, e adoro o design dos personagens e a apresentação visual do jogo no geral.

Joguei bem mais do que devia disso mas não me arrependo também.


pentiment

Pentiment (2022)

As vezes parece q nada nesse mundo é sagrado.

As pessoas são violentas, vis, cruéis, quase sempre propensas a oferecerem o seu pior por muito, muito pouco. Sangue é derramado, e apenas depois de muito tempo são capazes de refletirem sobre as consequências de suas ações.

É meio que sobre isso que esse jogo é. Sobre o tempo. Sobre como a história de um lugar está sob constante transformação. Sobre como velhas feridas podem se tornar apenas distantes memórias. Sobre como velhas feridas podem gangrenar e se mostrarem mortais. Pentiment tem muitos temas, mas acho que esse foi o que me pegou mais. O tempo tem poder demais sobre as nossas vidas.

Eu gosto como esse jogo tem respeito pelo período histórico em que ele se passa. Ele se dá ao trabalho de humanizar cada pequeno habitante de Kiersau. Cada um é capaz de amor, carinho, diligência, inveja, cobiça, violência, luto. Ele não romantiza o período como outras obras q se dizem "historicamente corretas", mas aproveita a pesquisa meticulosa de consagrados medievalistas para nos mostrar como a humanidade de 500 anos atrás não era tão diferente assim da que a gente conhece hoje em dia.

Eu poderia ficar babando ovo desse jogo por alguns parágrafos. Não acho que seja lá muito necessário, pois acho que já ficou claro que amei praticamente tudo nele. Antes de qualquer coisa, é um ótimo mistério medieval, Umberto Eco ficaria orgulhoso. A apresentação dele é maravilhosa e torna a experiência de gameplay bem mais agradável. Se fosse pra reclamar de alguma coisa, é que o vai e volta pelo mapa as vezes pode se tornar meio entediante. Ir de um canto pra outro na abadia pode ter até uns cinco loadings e isso é meio que demais.

Mas enfim, eu amei esse jogo. Eu amei Kiersau, tanto seus habitantes quanto a sua história.

Vou sentir saudades de um lugar que nem sequer existe. Arte é uma coisa doida.


poinie's poin

Poinie's Poin (2002)

Esse jogo é meio que um mistério. Não que ele tenha alguma história de desenvolvimento sinistra, alguma creepy pasta idiota ou qualquer parada nebulosa por trás.

Ele é um mistério pois é meio que difícil dizer qual é a desse jogo. Muita gente aqui no ocidente acha que qualquer coisa japonesa engraçada é o resultado de um acidente. Que Kazuma Kiryu em Yakuza 2 dando um uppercut em um tigre é algo feito com intuito de ser levado completamente a sério e a gente só acha engraçado por conta do choque cultural.

Isso é completa bobagem, mas eu falo isso meio que pra me explicar porque eu realmente não sei se esse jogo é tão engraçado de próposito ou não. só sei que esse jogo é engraçado. MUITO engraçado. E as vezes em um tom estranhamente inconsistente, o que também é difícil de dizer se é de propósito ou nãp. você vai ouvir algumas frases que você NÃO esperava sair da boca de uma garotinha de desenho animado cuja frase de efeito é "nanny-nanny-boo-boo", e isso acontece tão raramente que sempre vai te pegar de surpresa.

Mas não é por isso que eu amo esse jogo. Não só por isso, pelo menos. Esse jogo é divertido. Esse jogo é fofo. Esse jogo tem uma trilha sonora docinha e bonitinha. Esse jogo tem uma dublagem maluca. Esse jogo tem uma linda estética esquisitinha que não consigo não amar.

Mas além de tudo, esse jogo é meio que genuíno. Tão genuíno que essa talvez seja a coisa mais esquisita dele. Enquanto os créditos rolavam eu percebi que eu tinha me apegado muito aos personagens, principalmente ao titular Poinie, e esse jogo tem nem três horas e meia de duração.

Enfim, eu amei esse jogo. Se tornou um dos meus favoritos. Mas tem uma câmera lixo e alguns chefes bem atrapalhados, e não sei se consigo recomendar pra muita gente. É meio que um jogo pra bebês. Mas acho que vale a pena pelo menos ver uns minutinhos de alguma longplay.


katamari damacy

Katamari Damacy (2004)

Uma das coisas da arte é mexer contigo. Provocar uma reação. Evocar sentimentos. Criar memórias. Transmitir ideias. Todas essas coisas boas e meio que pretensiosas. Arte é legal.

Eu falo isso porque esse jogo me deixou feliz. Muito feliz. Eu genuinamente amo tudo nele. A estética, a música, o humor, o gameplay. É tudo tão simples, elegante, charmoso e direto ao ponto que não consigo deixar de amar. É quase como se esse jogo tivesse sido feito pra mim.

Minha namorada me apresentou a série recentemente com We ♥ Katamari no PS2 dela. Quando o katamari começou a rolar, a primeira música que tocou foi Baby Universe, e eu logo reconheci a voz da Maki Nomiya nos vocais. Uma das coisas que eu mais amava como uma adolescente nerdola e isolada era shibuya-kei, e reconhecer essa voz na trilha desse jogo trouxe algo em mim difícil de descrever. Me deixou feliz. Muito feliz.

Eu tive que correr atrás do primeiro jogo, e ainda bem que eu fiz isso. Eu ando tão ansiosa, uma completa pilha de nervos, e rolar o katamari como um pequenininho príncipe cósmico enquanto uma das melhores trilhas sonoras que eu já ouvi toca no talo me fez esquecer um pouco disso.

Eu encontrei um dos meu jogos favoritos. Uma das minhas coisas favoritas. Amo esse jogo. Muito muito.


E é isso. Isso aqui é apenas uma coleção editada de algumas reviews que eu tinha feito no meu Backloggd. Não acho que sejam lá muito boas, mas queria guardar elas em uma cantinho.

Muito obrigada pela atenção!