silent hill 2
Joguei Silent Hill 2 com minha namorada nos últimos meses. Dezenas de semanas pra terminar um videogame de 8 horas, as vezes a vida é desse jeito! Mas foi uma experiência incrível. É meio que difícil não ser meio que hipnotizada pela maldade alucinante que permeia esse joguinho de cabo a rabo. É meio que difícil não criar uma certa reverência por ele, de uma maneira ou de outra. Na internet afora, com opiniões tão divisivas sobre tudo e todos, o amor por Silent Hill 2 é quase que universal. É doideira ver algo assim. É uma genuína anomalia. É até difícil pra mim internalizar os sentimentos que desenvolvi por esse jogo.
Silent Hill 2 é sobre violência. Digo, isso é uma afirmação que pode parecer um tanto que óbvia, mas nesse caso aqui a violência parte de uma perspetiva um tanto que diferente. Uma perspetiva que exige uma aproximação bem pessoal. Talvez pessoal até demais. É quase que inevitável tocar em certos temas ao tentar bater um papo sobre Silent Hill 2, pois esse jogo entende.
Entende de um jeito que acho difícil se repetir muitas vezes, dessa mesma maneira, no espaço AAA. Muita gente comenta sobre a melancolia que permeia os primeiros jogos da franquia, e acho que essa atmosfera tão opressora e brutal e um tanto que triste surge de uma certa sensibilidade bem particular do Team Silent. Eles entendem violência, e entendem medo. Não o tipo de medo que um slasher qualquer tenta provocar. Não é apenas o medo do escuro, ou de criaturas rastejantes. É a compreensão do medo que surge do pior que a gente tem a oferecer, bem lá no fundo. De sentimentos que a gente nunca quer que se materializem. É um pavor que surge dos nossos instintos mais nojentos e repulsivos.
Já tive que lidar com violência muitas vezes ao longo da minha vida. Tanto como vítima, mas principalmente como espectadora. Além da violência física e do desejo alheio, também a violência da doença, da morte e do descaso. Você nunca supera esse tipo de coisa, não por completo. Você sabe que lá dentro de você, escondido entre as sinapses do seu cérebro, nas entranhas de seu estômago, aquela podridão vai permanecer pra sempre. Mofo preto na parede. Traças na cortina. Vermes no prato. Uma pequena Silent Hill dentro de todos nós. Só queria também ter a oportunidade de esmagar a cabeça da personificação dos meus piores pesadelos com uma TV de tubo de 23 polegadas.
Acho que o que eu quero dizer é que esse joguinho bateu. Bateu forte. E não só comigo. Talvez ele também ressoe contigo, um pouco. Nem que seja pelo remake. Uma dublagem mais profissional pode até elevar um pouco o material aqui, apesar de eu achar que a voz original da Mary seja uma das coisas mais lindas já colocadas em um videogame. É real de uma beleza fantasmagórica. Tudo de bom!
Digo só pra dar o seu jeitinho! Jogue do jeito que achar melhor. Uma boa companhia torna a experiência bem mais palatável, se isso vier a ser um problema.
Só não deixe Silent Hill 2 te passar batido. Acho bem difícil você se arrepender.